Hoje nos meus comentário deparei-me com uma pergunta para a qual muitas vezes tenho pensado na resposta, aliás a resposta, essa tenho-a na ponta da língua.
A Eduarda fez-me esta pergunta: “Já fez Microinjecção Intracitoplasmática, notou algum diferença no seu corpo ou estado de espírito durante ou após esta terapia.”
A minha resposta a todas as “Eduardas” interessadas aqui fica.
Antes de iniciar a terapia fui bem informada pela equipa médica que me acompanhou, sabia com o que podia contar, no entanto as reacções são muito diferentes de pessoa para pessoa, e espero que isto fique bem claro a minha reacção pode não ser a mesma que as vossas.
Acho que o stress dum tratamento deste tipo influencia tudo o resto. Hoje vejo com muito mais clareza coisas que não via antes.
Mas vamos ao que interessa. A nível físico e psicológico houve algumas alterações, mais a nível psicológico, acho que maiores pelo facto de não ter dinheiro para fazer outro tratamento dentro dos prazos dados pelos médicos.
A nível físico senti (em especial nas roupas, acho que a olho nu não se detecta) que alarguei, a minha anca, que já não era “fina” ficou um tanto ou quanto sentida, mas isso não me importa, eu sinto-me bem, não engordei, continuo com o mesmo peso. Depois há a parte interna, aí sim houve mudanças e algumas dolorosas…
Após o tratamento os meus ciclos têm sido um pouco dolorosos, nada que os meus queridos “Ibuprofenos” não resolvam. Fiquei a saber o dia exacto de todas as minhas ovulações, quando as faço… Mas tudo se suporta, tudo se aguenta quando o desejo de alcançar uma vitória se põe à nossa frente.
Alguém me disse um dia, logo no inicio desta batalha que Deus nos escolheu, por saber que nós temos força e coragem para enfrentar tudo isto. E eu acredito nisto! Muitas vezes me vou abaixo, em especial neste último ano, com o passar dos meses, com o passar do “prazo” dado pelo médico, com o nascimento dos meus 3 (três) sobrinhos, mas que se lixe eu hei-de conseguir, seja quando for. Continuo a acreditar que o que tiver de ser, será, portanto vou esperar, vou continuar serena como até aqui
A nível psicológico vivi um turbilhão de sentimentos, primeiro a alegria de saber que finalmente ia tentar, depois com o passar dos dias, em especial na véspera da análise a ansiedade tomou conta de mim, e finalmente o desgosto, a tristeza, a raiva de tudo e de todas, a descrença, e eu sei lá o quê mais… foi um dia pra esquecer, que dificilmente esquecerei.
Durante o tratamento recebi a noticia que o meu irmão ia ser pai novamente e de gémeos. Fiquei toda feliz, mas acho que só naquele dia, depois veio a inveja (que sentimento ruim!). Eles ficaram receosos, por serem dois e tal… e já tinham outro, e eu pensava “Quem me dera…”, eu que sempre quis ter pelo menos dois filhos…
Depois foi a minha irmã, também ela estava grávida… ela que até só queria ter um filho, estava grávida do segundo… e eu fiquei feliz, mas voltei a sentir aquela inveja… Felizmente quer com um, quer com o outro correu tudo bem e os putos cá estão cheios de saúde e espero que assim continuem, mas a tia continua a ser só mesmo tia…
Hoje digo que nunca mais serei a mesma pessoa, ao rever este último ano vejo claramente que mudei, mas acho que se calhar estou melhor assim, sou e sempre fui uma pessoa alegre, hoje mais contida, embora me pareça que é normal. Normal não seria se o tratamento não me tivesse feito mudar, eu acho. Fiquei muito mais forte, não sou, nem nunca fui fácil de “derrubar” e depois do tratamento não fiquei nada melhor. Tenho um feitio muito especial e reconheço esse meu grande defeito. Fervo em pouca água, olha nisto fiquei melhor, agora “engulo mais em seco”. Mas a vida continua, e como sempre disse – Bola pra frente que atrás vem gente!! É pra frente que é o caminho, e eu vou chegar lá, não sei quando, mas que vou, vou!! E espero que tu, Eduarda, também.
Espero muito sinceramente ter respondido à tua questão.
Por tudo isto desapareci da net, não suporto que me estejam sempre a dizer que vou conseguir e tal, blabla, blabla, bla… Passo-me!!
Continuo a chorar com os negativos, e a dar pulos de contente com os positivos de todas quantas “conheci” neste mundo cibernauta, mas continuo a ler todos os blogues que lia, a frequentar os fóruns, agora tb o da API, e prefiro assim.
Jinhos
Lena